Mesmo
com a estiagem prolongada verificada em toda a região do Curimataú, no
Sitio Estrondo, em Nova Floresta, o agricultor familiar Ambrósio Dantas,
pai de oito filhos, é modelo na produção de hortaliça orgânica com uso
racional de água. Ele também tem colocado em prática ações de
convivência com a estiagem, o que garante o atendimento ao mercado que
consome seus produtos.
Há 15 anos, a família
decidiu cultivar hortaliças, em pequena quantidade, de coentro e alface,
em uma área de 600 metros quadrados. Juntou dinheiro e comprou mais um
pedaço de terreno anexo, até que no ano de 2006 já tinha uma área de
meio hectare de terra. Com a orientação da Emater, que vem acompanhando e
orientando o produtor deste o primeiro momento, obteve a aprovação de
contratos do Pronaf, podendo ampliar o cultivo das hortaliças, como
cebolinha, rúcula, rabanete, hortelã, pimenta, couve, cenoura,
beterraba, pimentão, agrião, berinjela, jiló, espinafre, abobrinha,
maxixe, couve-flor, brócolis.
Para conviver com
período de estiagem, o agricultor construiu um poço tubular que garante
armazenamento de água e mantém a produção mesmo em período de poucas
chuvas. Já existe no sítio um poço amazonas, que também garante
segurança hídrica e, com isso, mantém as hortaliças em quantidade
suficiente para atender a freguesia durante todo o período do ano.
O uso racional da água,
inclusive durante o atual período, está permitindo cultivar verduras,
mesmo em menor escala. Segundo Ambrósio Dantas, em período de inverno
regular a produção é duplicada para atender a clientela que frequenta
sua quitanda e também as feiras livres de cidades vizinhas, inclusive no
Rio Grande do Norte.
O agricultor recorda
que, no início de sua atividade, a irrigação era feita com o uso de
regador manual ou mangueira, com desperdício de água e muito esforço.
Neste período, ele também enfrentava dificuldade para comprar sementes e
adubo. Com a orientação da Emater Paraíba, por meio do escritório
local, a situação se inverteu.
Boas práticas e boa safra –
O cuidado com as práticas culturais tem garantido ao agricultor
conquistar novos consumidores, usando material orgânico, tudo
acompanhado por extensionistas rurais. “Aqui, nada de agrotóxico. Temos
um bom produto. Talvez por isso famílias, inclusive de outras cidades,
vêm comprar conosco”, disse.
Para evitar a presença
de pragas, o agricultor foi orientado a fazer o controle de rotação de
cultura. “As boas práticas de manejo usadas com eficiência têm
apresentado excelente resultados”, explicou Audivam Azevedo, técnico que
incentiva o agricultor e acompanha o projeto.
O agricultor recorda que
no início tinha dificuldade de acesso ao crédito e decidiu procurar a
Emater. Depois de ouvir explicações sobre a maneira correta de cultivo
de hortaliças, aceitou que fosse feito projeto de financiamento usando
recursos do Pronaf. A princípio houve receio por parte do agente
financeiro, mas devido à insistência do extensionista, o projeto foi
aceito e executado com eficiência.
Segundo Audivan, o
projeto deu certo porque contou com as pessoas que acreditavam naquilo
que escolheram e seguiram as orientações. Esse projeto já foi
apresentado em duas oportunidades como modelo para outros agricultores
familiares: na cidade do Conde, em 2007, durante o Congresso
Agroecológico, e em Patos, no ano de 2009.
Ampliação –
Mesmo trabalhando em um hectare de terra junto ao quintal de sua casa,
Ambrósio já projeta ampliar a produção de hortaliças. Ele já está com
duas estufas, onde produz as mudas. O sistema permite uma incidência de
50% de luz para melhor possibilitar a germinação e crescimento das
mudas. Depois desse estágio, entra na fase de aclimatação fora das
estufas até atingir a fase ideal de ser plantada em definitivo no campo.
Ele também prepara
plantio de maracujá, que usa como mais uma fonte de renda, e acredita
nos resultados positivos, tendo em vista que se trata de uma região
propícia a esse tipo de cultura. Para o agricultor, o segredo do sucesso
é manter a família unida e integrada ao projeto, trabalhando com
dedicação. “A unidade da família é o fundamental para o crescimento e o
fortalecimento do projeto”, disse.
Quem cuida do projeto é o
seu filho Denis Ciriaco Guedes Dantas, técnico agrícola. “Hoje estou
dando ao meu pai por tudo aquilo que ele possibilitou eu ter. Ele me deu
suporte para estudar e me formar”, reconhece. Cuidando das hortaliças,
Denis disse que está buscando cada vez mais informações para melhorar a
qualidade dos produtos e cuidar dos negócios, já que ao lado da casa a
família montou um ponto de venda.
Secom-PB