Pesquisadores britânicos afirmam que uma fórmula simples com cinco
perguntas é capaz de prever o risco de obesidade de uma criança logo
após seu nascimento.
Os cientistas do Imperial College de Londres analisaram 4.032 crianças
finlandesas nascidas em 1986 e as informações de outros dois estudos,
com 1.053 crianças italianas e 1.032 crianças americanas.
Eles descobriram que apenas a análise de algumas medidas simples já é o bastante para prever a obesidade.
A lista tem cinco perguntas: o peso da criança ao nascer, o índice de
massa corporal dos pais, se a mãe fumou ou não durante a gravidez, o
número de pessoas que moram na casa da criança recém-nascida e o status
profissional da mãe.
Os dois últimos itens estão relacionados ao ambiente social no qual a criança nasce e que pode elevar o risco de obesidade.
"Quanto menor o número de pessoas morando na residência, maior o risco
de obesidade da criança, pois este número está ligado à mães solteiras",
afirmou à BBC Brasil a professora do Imperial College Marjo-Riitta
Jarvelin, que participou do estudo.
"E quanto ao status profissional da mãe, sabemos que uma mãe com maior
(nível de) educação é mais bem preparada, sabe mais a respeito da saúde
da criança", acrescentou.
"A equação é baseada em dados de um recém-nascido que todos podem obter
e descobrimos que pode prever cerca de 80% (dos casos de) crianças
obesas", afirmou Philippe Froguel, do Imperial College de Londres, que
liderou o estudo.
Anteriormente, os especialistas acreditavam que fatores genéticos eram
os maiores determinantes de problemas de peso em crianças, mas apenas
cerca de um em cada dez casos de obesidade é resultado de uma mutação
genética rara que afeta o apetite.
A pesquisa foi publicada na revista especializada PLos One.
Risco conhecido
Os fatores de risco para obesidade já eram muito conhecidos, mas esta é
a primeira vez que estes fatores foram colocados juntos em uma fórmula.
Para Philippe Froguel, a prevenção da obesidade é a melhor estratégia para a infância.
"Infelizmente, as campanhas de prevenção tem sido muito ineficazes para
evitar a obesidade entre crianças em idade escolar. Ensinar aos pais
sobre o risco do excesso de alimentação e maus hábitos nutricionais
seria muito mais eficaz", afirmou.
"A mensagem é simples. Todas as crianças em risco devem ser
identificadas, monitoradas e bem aconselhadas, mas isto custa caro",
acrescentou.
"A prevenção deve começar o mais cedo possível, pois perder peso é muito mais difícil", afirmou Marjo-Riitta Jarvelin.
Paul Gately, especialista em obesidade infantil na Leeds Metropolitan
University, afirmou que uma ferramenta como esta pode ajudar o sistema
público de saúde britânico a alcançar especificamente pessoas que tem
risco de obesidade, ao invés da abordagem sem foco e única para todos os
casos, "que nós sabemos que não funciona".
"Em vez de gastar com um número enorme de pessoas, podemos ser mais
específicos e gastar de forma apropriada. Podemos não economizar no
curto prazo, mas gastaremos com mais sabedoria e poderemos reduzir os
gastos (relativos a obesidade) do NHS (sistema público de saúde
britânico) no futuro", disse.
"Fizemos um ótimo trabalho destacando que a obesidade é uma questão
séria mas deixamos o público em geral paranoico (pensando que) todos
correm o risco (de ficar obesos)."
Uol
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